Frase célebre

"De poucas partidas aprendi tanto como da maioria de minhas derrotas." (J. R. Capablanca, ex-campeão mundial)

Dicas e Conselhos

DICAS E CONSELHOS PARA TODOS OS ENXADRISTAS
(Fonte: Becker, Idel. Manual de Xadrez. 15ª ed. Editora Nobel. São Paulo- 1980). pg 83-91.
Há, no xadrez, uma série de princípios gerais, que são como postulados prévios para a vitória. O principiante e, mesmo, os jogadores de certa categoria – devem seguir, quanto possível, os conceitos clássicos, apontados pelos mestres e pelos textos mais autorizados. Todo lance aparentemente afastado da lógica simples, isto é, dos preceitos clássicos, gerais – deve ser meditado cuidadosamente. Somente os mestres, jogadores de 1ª categoria, podem permitir-se o emprego freqüente de tais lances, anti-rotineiros, aparentemente “ilógicos”, que rompem com os moldes tradicionais.
O jogador não deve esquecer, porém, que no xadrez – como na vida – tudo é relativo. Os princípios gerais destinam-se aos casos gerais, não às exceções. Deve haver, portanto, uma certa elasticidade na aplicação prática destes conceitos: cada posição, afinal, acha-se regida pela sua própria lei. Mas estes conceitos gerais são, normalmente, de eficiência extraordinária. E serão altamente valiosos e oportunos nas mãos de enxadristas inteligentes.
Eis aqui uma série de conceitos e regras importantes.
  1. Todo lance deve corresponder a uma idéia, a planos definidos. Não se deve realizar nenhuma jogada sem objetivos precisos.
  2. É preciso desenvolver rapidamente todas as peças.
  3. O jogo deve ser aberto com o PR ou com o PD.
  4. Os cavalos devem ser desenvolvidos antes dos bispos: os bispos – ao contrário dos cavalos – já atuam desde a sua posição inicial.
  5. Não convém jogar duas vezes a mesma peça, durante a abertura.
  6. Não convém fazer mais do que um ou dois movimentos de peões, durante a abertura.
  7. Não se deve bloquear a desenvolvimento das próprias peças.
  8. Quanto possível, todo bom lance de desenvolvimento deve encerrar alguma ameaça.
  9. É imprudente o desenvolvimento prematuro da dama.
  10. Todo ganho de peão com a dama, na abertura – é um erro. (Tarrasch)
  11. Na abertura não se deve fazer mais do que um lance com a dama, a fim de cooperar no desenvolvimento geral das peças.
  12. Deve rocar-se em todas as aberturas.
  13. O roque deve ser realizado o mais cedo possível, de preferência no flanco do rei (pequeno roque).
  14. Para evitar ataques do adversário ou, pelo menos, para torná-los menos factíveis, convém rocar do mesmo lado que o bando inimigo. Procedendo assim. É mais perigoso para este começar um ataque por meio dum avanço de peões, pois compromete, ao mesmo tempo, a situação do seu próprio roque.
  15. Quando se ataca – se ainda não se rocou – deve considerar-se a conveniência de efetuar o roque no sentido oposto ao do adversário.
  16. A frente de peões que deve proteger o rei no roque grande, é maior que a do roque pequeno. O grande roque, pois, acha-se mais exposto aos ataques inimigos. Costuma afirmar-se, por isso, que o roque grande é mais perigoso do que o roque pequeno.
  17. A solidez do roque depende, não somente da situação dos peões em sua casa inicial, mas também da colocação do cavalo em 3BR. Esta peça é um obstáculo difícil de superar, nas tentativas de ataque ao roque. Por isso, é conveniente dispor sempre dessa casa para a colocação de um cavalo.
  18. O ponto mais fraco do roque é a casa 2TR e a maioria dos ataques frontais, de que abusam os principiantes, têm por base esse ponto.
  19. Não devem avançar-se, em geral, os peões do roque (P3TR ou P3CR). Em último caso, convém esperar até que o adversário tenha roçado no mesmo flanco. Avançar os peões do roque, antes que o inimigo tenha rocado, é dar a este a possibilidade de rocar no flanco oposto, a fim de explorar as fraquezas que esses avanços geralmente produzem.
  20. A fraqueza do avanço do PT, após o roque, pode ser explorada de diversos modos. O mais simples é mediante o avanço de peões.
  21. Quando já foram trocadas muitas peças, durante o desenvolvimento, especialmente se as damas já desapareceram do tabuleiro, e não tiver sido realizado o roque – este deve ser rejeitado se não houver perigo especial. Como o final se aproxima, é mais útil o rei no centro do tabuleiro, a fim de poder acudir rapidamente ao flanco necessário.
  22. Se possível, convém fazer com que o adversário perca o roque.
  23. É fundamental o domínio do centro.
  24. O domínio do centro, que é a base do xadrez nas aberturas, é também o segredo de sua técnica durante a maior parte da partida.
  25. Dominar o centro com os peões é a base fundamental das aberturas, mas o complemento dessa manobra preparatória está na posse do centro com as peças menores (cavalos e bispos).
  26. Não se deve bloquear o próprio centro de peões.
  27. As casas fortes para a centralização são ainda mais fortes quando o adversário não pode vulnerá-las mediante a agressão de peões laterais.
  28. Convém centralizar a ação de todas as peças.
  29. O ataque a um peão central, por meio de um peão lateral, é geralmente bom.
  30. Levar um peão do flanco ao centro mediante troca de peões, é quase sempre manobra estratégica proveitosa. Trocar um peão central por um do flanco significa, habitualmente, ceder a fiscalização do centro ao adversário.
  31. Convém entregar um peão do flanco (e mesmo do centro, em casos excepcionais) com o objetivo de desfazer uma conformação central de peões muito sólida (por exemplo: peões em 4R e 4D; ou em 4D e 4BD; ou em 4R e 4BR).
  32. Dobrar um peão no centro pode ser uma vantagem quando isto permita centralizar uma peça, especialmente um cavalo, na casa em que antes estava o peão dobrado.
  33. A dama centralizada é muito forte, especialmente em 4D ou 4R (de preferência em 4D, que é o mais usual), se o adversário trocou seu CD e tem um peão em 3D ou 4D. Mas isto só pode ser eficaz nas posições abertas, nas quais a dama dispõe de muitas retiradas para o caso duma agressão.
  34. A rápida centralização do rei é a base do êxito em grande número de finais de peões, pois o centro é, habitualmente, a via de acesso para a zona de jogo inimiga.
  35. A centralização das torres é muito forte em finais sem peças menores (bispos e cavalos), e um tanto delicada quando estas ainda se acham no tabuleiro.
  36. O ganho de tempo é vantagem importante.
  37. Evitem-se as perdas inúteis de tempo.
  38. Só devem dar-se os xeques necessários.
  39. Durante a abertura, há muitos xeques que podem ser aparados mediante lances que favorecem o desenvolvimento.
  40. É preciso considerar – ao dar xeque – se não se melhora a posição inimiga. Xeque desnecessário é uma perda de tempo que favorece ao adversário.
  41. Os peões são a verdadeira base de toda a estratégia do xadrez e mesmo da teoria das aberturas.
  42. A ação dos peões será tanto mais eficiente, quanto menor for o número de grupos em que eles estiverem divididos.
  43. Os peões em zigue-zague (2T-3C-2B-3R-2D, etc.) são um absurdo estratégico. Mas agrupá-los dois a dois (por exemplo: 3TR-3CR-2BR-2R-4D-4BD-2CD-2TD) é perfeitamente aceitável porque não concede quase nenhuma casa ao adversário.
  44. Todo avanço de peões enfraquece a posição.
  45. À medida que os peões avançam são mais difíceis de sustentar.
  46. É preciso meditar profundamente antes de avançar um peão à 5ª fila.
  47. O avanço de um peão à 5ª fila, sem propósitos imediatos de ataque, deve ser muito bem estudado, pois cria a necessidade de adotar uma configuração determinada de peões.
  48. O avanço de um peão central à 5ª fila só deve fazer-se, sem receio, quando estiver sustentado por uma sólida cadeia de peões, ou quando nada pode evitar que esta seja construída.
  49. Um peão na 5ª significa uma fraqueza – compensada ou não por outros pormenores estratégicos – quando as casas laterais do mesmo puderem ser ocupadas por peças inimigas.
  50. O avanço dum peão à 5ª fila costuma justificar-se nas posições de ataque, pois serve para desalojar peças que defendem o roque e abre, enfim, as brechas por onde irá atuar o bispo.
  51. O amador não deve deixar-se arrastar pela tentação do ganho dum tempo ou pela vantagem de espaço central e avançar, sem mais outras, o peão à 5ª fila. O avanço do peão será imprudente se ele se afastar muito dos demais peões: isto provocaria, para ser apoiado, a necessidade de se avançar em massa toda a linha de combate.
  52. Evitem os peões dobrados (dois peões na mesma coluna), isolados (um peão que não possui outro peão nas colunas laterais a dele) ou atrasados (aqueles que, embora possuam peões nas colunas laterais, só podem ser defendidos com o uso de peças, pois os peões laterais já estão avançados).
  53. Os amadores exageram, quase sempre, a desvantagem dos peões dobrados. Há peões dobrados efetivamente fracos e há os de fraqueza meramente teórica.
  54. Os peões dobrados são aceitáveis só nas quatro colunas centrais e oferecem numerosas compensações. Produzem-se habitualmente nas colunas bispo-dama e bispo-rei e só devem ser motivos de sérias preocupações se ficarem isolados ou avançarem defeituosamente.
  55. Os peões dobrados e isolados são, geralmente, muito fracos. Os peões dobrados e isolados numa coluna aberta são, habitualmente, um mal irreparável.
  56. Os peões isolados são fracos, especialmente se estão numa coluna aberta, mas oferecem a compensação de que as casas que fiscalizam costumam ser pontos fortes para uma peça do mesmo bando.
  57. Conseguir isolar um peão e acumular peças que ataquem significa uma apreciável vantagem: a iniciativa e, freqüentemente, a superioridade em espaço.
  58. Fixar o peão isolado costuma ser mais forte ainda do que a captura do mesmo. A captura só deve realizar-se quando a simplificação não provocar o desafogo da posição inimiga.
  59. O sacrifício do peão isolado costuma ser a melhor estratégia. Neste caso, a melhor manobra, habitualmente, é avançar o peão, pois as peças que se acumulavam em sua defesa e se viam entorpecidas na ação – repentinamente recuperam toda a força agressiva.
  60. Os peões passados (aqueles que não podem mais ser detidos por peões inimigos, pela inexistência destes na mesma coluna ou adiante nas colunas laterais), sempre que possível, devem ser impelidos para a frente.
  61. Os peões avançados são perigosos para o adversário quando nada os detém; em compensação, costumam ser muito fracos quando há um peão à frente que lhes barra o avanço.
  62. Um peão passado na abertura ou no meio-jogo é uma vantagem muito relativa quando não há possibilidades de provocar um rápido final.
  63. O peão passado e apoiado (defendido por outro peão) é muito forte nos finais de partida e nas posições abertas, em que a simplificação é fácil. Todavia, nas posições de bloqueio sua força é muito menor.
  64. Todo peão passado e apoiado deixa um ponto forte ao adversário: a casa que se acha diante do peão. Colocar um cavalo nesse ponto é ideal para aquele que luta contra o peão passado: o cavalo detém o peão, protege-se por trás deste e ataca, ao mesmo tempo, os pontos de apoio laterais.
  65. Os peões passados devem ser bloqueados com o rei. O rei que consegue situar-se diante do peão passado adversário, evita muitas vezes a sua promoção.
  66. As torres devem agir à retaguarda dos peões passados (quer para defender seus próprios peões, quer para atacar os do inimigo).
  67. A superioridade de espaço é decisiva, especialmente nas posições de ataque.
  68. É fundamental o domínio das filas e colunas.
  69. Para atacar o rei adversário é preciso abrir uma coluna (ou pelo menos uma diagonal), a fim de obter acesso para as peças mais poderosas (dama e torre).
  70. A maior força dos peões está na sua mobilidade.
  71. A superioridade de peões no flanco do rei inimigo é um fator importante, que oferece possibilidades apreciáveis no final da partida.
  72. Quando se atinge um final com igualdade de forças, a superioridade de peões no flanco mais afastado do rei inimigo é a base da vantagem, a qual pode levar a vitória.
  73. Quem tem superioridade de peões na ala afastada do rei inimigo deve tentar simplificar: a medida que se atinge um o final, a sua vantagem posicional se acentua.
  74. Quem tem desvantagem de peões na ala afastada do seu rei – deve evitar a simplificação. Se não puder fazê-lo, deve levar o rei à zona onde tiver peões a menos, para neutralizar ou fazer desaparecer a razão da desvantagem. Ou, então, deve provocar o rápido contacto dos peões, nesse setor, a fim de trocá-los e converter o peão de vantagem adversário num peão isolado, o que costuma oferecer muitas compensações.
  75. As torres são, em geral, as melhores peças para combater contra a superioridade de peões num flanco.
  76. Quando se luta com três peões unidos contra dois peões, não se deve avançar o peão central se o adversário puder colocar um P diante de P avançado, pois tiraria aos peões laterais o ponto de apoio necessário para marcharem à frente.
  77. Quando se possui um peão livre no flanco afastado do rei, deve procurar-se a simplificação a fim de valorizar a possibilidade de promover o peão.
  78. Se o adversário tem uma ou mais peças expostas deve procurar-se uma combinação.
  79. Toda combinação deve estar baseada num ataque duplo.
  80. Os dois fatores essenciais do ataque são – suficiência de forças atacantes e rapidez.
  81. A melhor defesa é, muitas vezes, um contra-ataque.
  82. Nas posições de ataque é conveniente poder vulnerar com rapidez o ponto 2BR do adversário (por exemplo, mediante um bispo em 4BD).
  83. Nas posições de ataque convém dar mobilidade às torres de modo que possam ocupar, rapidamente, as colunas abertas que se produzam.
  84. Desenvolve-se a torre colocando-a numa coluna aberta (sem peões) ou semi-aberta (apenas com o peão adversário).
  85. Não se deve realizar uma troca sem haver, para isso, uma boa razão.
  86. Não se deve trocar peça desenvolvida por peça não desenvolvida.
  87. A troca é o meio mais simples de fazer valer uma vantagem material.
  88. Quando se possui vantagem material convém trocar o máximo possível de peças, especialmente as damas.
  89. Quando se tem somente um peão a mais devem trocar-se peças, mas não os peões.
  90. Em posições embaraçosas as trocas podem resolver as dificuldades, desafogando a situação.
  91. Não se deve expor o rei quando as damas ainda estão no tabuleiro.
  92. Quando se realiza uma combinação e o próprio rei está em perigo de xeque, convém estudar a possibilidade de abrir um leve parêntese no plano geral, para evitar que, mediante um xeque inesperado, o adversário consiga desvencilhar-se das suas dificuldades.
  93. O rei deve estar ativo no final.
  94. Já dissemos que a rápida centralização do rei é a base do êxito em grande número de finais.
  95. O valor das peças não é absoluto: varia de acordo com as posições.
  96. Não se deve sacrificar sem uma razão clara e adequada.
  97. O sacrifício de material a fim de abrir caminho a um peão e obter a sua promoção – costuma ser tática excelente.
  98. Ao promover um peão convém, via de regra, pedir uma dama, a peça de maior valor. Em raros casos, porém, não convirá esta promoção, em virtude do perigo dum mate afogado ou por causa das vantagens dum xeque imediato mediante a promoção a cavalo.
  99. Nas aberturas e no meio-jogo, quando não há ataque, uma peça menor vale mais do que três peões e o sacrifício não conduz, geralmente, senão a derrota ou a um angustioso empate.
  100. Os sacrifícios de cavalo por três peões são um pouco mais razoáveis. A troca é excelente nos finais de partida, especialmente se se trata dum cavalo que deve deter os peões.
  101. Quando o adversário possui uma peça menor central muito forte, pode considerar-se o sacrifício da qualidade sempre que se trate duma posição de bloqueio ou semi-bloqueio, porque as torres são muito poderosas quando há, pelo menos, duas colunas abertas.
  102. Uma só coluna aberta costuma não ser suficiente para quem dispõe da vantagem da qualidade.
  103. O sacrifício da qualidade, quando permite unir dois peões da 5ª fila em diante, é geralmente um excelente recurso para decidir a luta.
  104. Entregar a qualidade para colocar solidamente uma peça em 5ª, nas posições de semi-bloqueio, é uma tática eficaz.
  105. Quem ganha qualidade em posições pouco claras deve considerar a forma de devolvê-la se conseguir ficar, pelo menos, com um peão de vantagem. Aferrar-se à vantagem e jogar com otimismo por causa disso, é a origem de muitas derrotas aparentemente inexplicáveis.
  106. Não se deve colocar os peões em casas de cor igual à do bispo. O bispo aumenta seu valor quando os peões do seu bando se encontram em casas de cor oposta à de suas diagonais porque, então, não estará prejudicado na sua liberdade de movimentos. (Neste caso, chama-se bispo “bom”; no caso contrário, quando seus peões estão em casas da mesma cor: bispo “mau”).
  107. O bispo vale mais, colocado diante dos próprios peões, do que ficando atrás deles. Com o cavalo acontece exatamente o contrário.
  108. Um bispo é melhor que um cavalo em todas as posições, menos nas posições bloqueadas.
  109. Nos finais em que há peões móveis, o bispo é geralmente superior ao cavalo.
  110. Os cavalos são superiores aos bispos nas posições de bloqueio.
  111. Dois bispos são mais fortes de que bispo e cavalo, e muito mais fortes do que dois cavalos.
  112. Dois bispos valem muito mais de que dois cavalos. Se um bispo vale 3 (ou 3 ½) e um cavalo 3, dois bispos – no conceito de alguns mestres – valem 8, e dois cavalos apenas 6.
  113. Mas, nas posições com estruturas de peões fracos, os cavalos costumam ser tão eficientes e até mais fortes do que os bispos.
  114. Nas posições de bloqueio absoluto, dois cavalos são mais úteis que dois bispos.
  115. Os bispos podem defender os peões de modo mais eficiente que os cavalos.
  116. Nos finais de bispo e peão contra cavalo, ganha-se em quase todas as posições em que o rei inimigo se encontra atrás do peão que pretende atingir a promoção, pois o cavalo não pode mover-se sem descuidar a zona de avanço do peão.
  117. Mas o bispo só, contra cavalo e peão, consegue deter este último, exceto quando se trata de peões dos flancos: bispo, cavalo ou torre, e o rei que apóia o bispo estiver pelo menos a quatro casas de distância do peão. O único procedimento que existe para ganhar é obstruir a ação do bispo, interpondo-se com o cavalo.
  118. Não é aconselhável trocar um bispo por um cavalo, a não ser que tenha a certeza de obter evidentes compensações.
  119. O bispo-dama preso não é um bispo mau, a não ser em raras ocasiões.
  120. O bispo-dama das pretas deve ficar em sua casa inicial em muitos casos, especialmente quando o plano futuro tem em mira os lances P4D ou P4BD, com abertura de hostilidades no centro do tabuleiro.
  121. A tentativa de tirar o bispo-dama para fora da cadeia de peões é inferior, em geral, à manobra de deixá-lo preso, provisoriamente, em sua casa de origem, que costuma ser a melhor de todo o tabuleiro, de acordo com o moderno sentido das aberturas.
  122. O bispo-dama não dispõe de boas casas naturais na maioria das aberturas. Por isso deve ser desenvolvido com muita prudência.
  123. Como os bispos são superiores aos cavalos, especialmente quando ambos estão agindo, a conservação do bispo por trás dos peões evita trocas que poderiam ser desfavoráveis.
  124. Quem mantém o bispo por trás dos peões deve evitar que eles sejam completamente bloqueados pelos peões inimigos; não podendo simplificar-se a posição, os bispos careceriam de poder agressivo.
  125. Também com as brancas, reter o bispo por trás da cadeia de peões, durante a abertura (como no sistema Colle e em muitas variantes do gambito da dama), é um plano estratégico muito eficaz.
  126. Nos finais de bispos de cor diferente, há muitas ocasiões em que um dos parceiros pode pretender a vitória.
  127. As duas torres, na maioria dos casos, são superiores a uma dama. Em nenhum caso são inferiores.
  128. As duas torres superam amplamente a dama nas posições com cadeias de peões sólidas, nas quais há uma ou duas colunas abertas.
  129. É de muito valor a ocupação da 7ª ou 8ª fila.
  130. Se as torres conseguem apoderar-se da 7ª fila, a vantagem é quase sempre decisiva.
  131. Vale à pena sacrificar um peão a fim de colocar uma torre na 7ª fila.
  132. Se se possui um peão de vantagem, ambas as torres podem, de per si, levá-lo à promoção – mesmo que a dama realize a melhor defesa possível.
  133. Convém dobrar as torres a fim de aumentar a pressão sobre a posição inimiga.
  134. A dama vale mais do que ambas as torres, nas posições com formações de peões fracos.
  135. A dama é muito poderosa quando a posição é muito aberta e ambas as torres inimigas não se apóiam entre si.
  136. A dama possui recursos inesgotáveis de xeque-perpétuo quando o rei adversário está sem bons peões protetores e há poucas peças no tabuleiro.
  137. A dama é muito forte como peça agressiva, mas perde eficiência quando se vê obrigada a defender peões. Em compensação é mais forte do que as torres, se consegue colocar-se por trás dos peões inimigos.
  138. A troca das damas é um dos problemas mais difíceis na arte da simplificação.
  139. Quando a dama substitui o bispo na fiscalização das diagonais enfraquecidas pela ausência deste, a troca das damas acentua a fraqueza dessas diagonais.
  140. A troca das damas nas partidas com desvantagem de espaço costuma ser favorável ao bando que se defende, pois elimina uma peça muito rica em possibilidades por outra do mesmo valor teórico, mas limitada em sua ação pela falta de espaço para as manobras.
  141. Trocar uma dama que realizou vários lances na abertura por outra inativa, costuma resultar em tantas perdas de tempo quantos lances a mais tenham sido feitos com aquela dama.
  142. Quase nunca é bom trocar uma dama ativa por uma inativa e, muito menos, trocar as damas quando se tem uma posição de ataque sobre um setor com desvantagem de espaço.
  143. Quando se tem desvantagem na configuração de peões deve evitar-se a troca de damas, pois esta, mediante hábeis manobras, pode fornecer compensações táticas no meio-jogo.
  144. A torre agressiva é mais forte que a torre defensiva. A iniciativa, pois, é o caminho fundamental para a vitória.
  145. A torre que ataca os peões pela retaguarda tem vantagens estratégicas tão poderosas, que chegam a compensar a desvantagem material.
  146. A luta da casa 4R contra a coluna BR aberta é tema aplicável a muitíssimos sistemas de aberturas, como os que nascem dos gambitos do rei, das defesas Indianas do rei, e em quase todos os desenvolvimentos do PR, em que se efetue a típica jogada libertadora P4BR, como sistema de agressão lateral ao peão de 4R.
  147. Um cavalo em 4R pode ser mais poderoso do que a ação das torres na coluna BR.